Com três edições já realizadas, o programa Lauro Fila Zero ultrapassou a marca de 107 mil atendimentos entre consultas e exames. A Prefeitura comemora os números como um marco para a saúde pública, mas a realidade vivida por muitos moradores mostra um cenário bem diferente do propagandeado.
Um dos casos mais graves foi relatado em vídeo por uma jovem: a mãe dela fez um exame para detecção de câncer dentro do programa e recebeu resultado negativo. Desconfiada, a família buscou atendimento em São Paulo, onde veio a notícia devastadora o câncer já estava em estágio avançado (grau 4).
Outros pacientes denunciam consultas-relâmpago em especialidades médicas, que mal duravam cinco minutos. Procedimentos que exigiriam atenção, escuta e análise cuidadosa estariam sendo feitos apenas para “cumprir tabela” e inflar as estatísticas oficiais.
Agora, com o lançamento da quarta edição do Fila Zero em Portão, os problemas se repetem: moradores relataram ter chegado às 2h da manhã para conseguir atendimento e, ainda assim, ficaram sem vaga. Entre os prejudicados, pacientes crônicos como diabéticos e hipertensos, que não receberam o cuidado necessário.
Essas situações escancaram uma contradição perigosa: enquanto a Prefeitura exibe números grandiosos, na ponta o que muitos moradores enfrentam é desgaste físico, desorganização e diagnósticos falhos. Não basta quantidade de consultas e exames se a qualidade e a precisão são questionáveis.
O contraste fica ainda mais evidente quando se observa que, somente no mês de julho, a Prefeitura gastou mais de R$ 265 mil com propagandas, recursos que poderiam ser aplicados diretamente na melhoria da saúde.
O risco é claro: um atendimento superficial pode custar vidas. A população cobra que o programa deixe de ser apenas vitrine política e se torne de fato um instrumento de saúde pública segura, humanizada e eficaz.