A capacidade de se conversar veio muito antes do emergência dos humanos modernos. Um trabalho publicado recentemente, que ainda aguarda revisão por pares, resolveu entender se os neandertais, que vieram antes dos Homo sapiens, tinham uma língua própria.
A desfecho não unicamente nos dá mais detalhes sobre nossos ancestrais, mas também ajuda a desvendar os motivos para sua extinção.
Neandertais e outros hominídios provavelmente podiam falar
Mesmo antes dos humanos modernos, os hominídeos provavelmente conseguiam falar. A língua é peça fundamental não unicamente para a notícia, mas também para diferenciar um determinado grupo de outro, criando uma sensação de “nós” e “eles”.
Um estudo publicado no servidor EcoEvoRxiv (que ainda precisa ser revisado) resolveu se aprofundar nos sistemas linguísticos ancestrais. Os pesquisadores responsáveis destacaram que a linguagem é caracterizada pela “ergodicidade”, que se refere à capacidade de inventar múltiplos dialetos que refletem diferenças culturais entre diferentes grupos.
O trabalho queria entender quando a ergodicidade começou. O objetivo era desenredar se os neandertais tinham essa capacidade e, portanto, poderiam ter criado uma língua própria.
Estudo buscou evidências de marcadores culturais
Porquê explicou o IFLScience, a pesquisa buscou sinais de “polifilia”, uma tendência a variar costumes locais com o objetivo de produzir marcadores culturais que definem um grupo, em oposição a outros. Isso ajuda a produzir uma sensação de comunidade e diferenciação em relação a outros grupos.
A polifilia não é específica. Os marcadores podem ser desde obras de arte e vestimentas até costumes alimentares e estilo de vida. Nesse sentido, a língua é um dos maiores marcadores deste tipo. Até hoje, idiomas e sotaques ajudam a diferenciar pessoas de origens distintas.
No entanto, o estudo lembra que, mesmo com as diferenças, todos nós temos a capacidade de aprender uma língua estrangeira – ou outros costumes.
Para entender qual a relação dos neandertais com a polifilia, os pesquisadores examinaram evidências arqueológicas e descobriram que, há pouco menos de 500 milénio anos, características comuns na produção de ferramentas se espalharam pelas populações de Homo sapiens da Eurásia. Essas evidências resultaram em artefatos e ferramentas que podem ter sido a identidade de um grupo específico (e, portanto, entrariam uma vez que polifilia).
Em conferência, os artefatos produzidos pelos neandertais não tinham esse tipo de variação. Os pesquisadores entenderam que eles não tinham essa mesma capacidade de diferenciação.
Ou por outra, a anatomia do córtex pré-frontal dos neandertais é muito dissemelhante da anatomia da nossa espécie, que tem maior capacidade de originalidade. Isso corrobora com a teoria de que eles realmente não chegaram a uma língua própria.
Leia mais:
Língua própria pode ter surgido unicamente depois dos neandertais
- As descobertas do estudo sugerem que a ergodicidade surgiu unicamente depois da separação entre Homo sapiens e neandertais.
- Inclusive, a falta de notícia entre as espécies pode ter sido um dos fatores que contribuiu na extinção dos neandertais, já que eles não conseguiram se conversar com nossa espécie.
Manadeira: Olhar Do dedo