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quarta-feira, setembro 10, 2025

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Combate à gripe aviária depende de articulação e abordagem integral

A Organização das Nações Unidas para Alimento e Lavradio (FAO) divulga esta semana, durante um evento em Foz do Iguaçu, no Paraná, a novidade Estratégia Global 2024–2033 para a Prevenção e o Controle da Influenza Aviária de Subida Patogenicidade (IAAP), nome solene da gripe aviária. Desde 2020, os registros da doença têm aumentado em todo o mundo, somando quase 17 milénio surtos, que vitimaram milhões de animais. Na América Latina, os surtos se tornaram mais frequentes a partir de 2022, e já são muro de 2,5 milénio.

A doença é altamente infecciosa e mortal entre aves, por isso, seu controle demanda o abate de todos os animais sob suspeita de infecção, entre outras medidas sanitárias, o que evidencia o sobranceiro dispêndio para a produção bicho. 

A gripe aviária também pode contaminar outras espécies. Apesar dos casos em humanos serem raros, o risco de morte é sobranceiro, e especialistas alertam que mutações no vírus, que possibilitem sua transmissão entre humanos, podem fazer com que a doença se torne pandêmica.

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Em entrevista à Dependência Brasil, o solene regional de Saúde e Produção Bicho para América Latina e o Caribe da FAO, Andrés González, adianta alguns pontos da novidade estratégia global e comenta o cenário atual da doença.

Dependência Brasil: Você pode antecipar alguns pontos dessa estratégia que será divulgada?

Andrés González: Essa estratégia procura gerar guias sobre porquê enfrentar a doença e, sobretudo, porquê preveni-la de maneira colaborativa sob o enfoque ‘uma só saúde’. O principal objetivo do evento é socializar, aprimorar essa estratégia e torná-la operacional, por isso estamos no Paraná, em uma zona altamente produtiva. A estratégia apresenta linhas técnicas concretas para monitorar o risco e atuar fundamentado nessa avaliação. Esse é o primeiro ponto. O segundo ponto é a valor do diagnóstico laboratorial, que os laboratórios estejam preparados para atuar quando for necessário. Terceiro: porquê promover uma colaboração intersetorial. Ou seja, que exclusivamente o serviço veterinário atue, mas também os órgãos de meio envolvente e de saúde. Também vamos dar ênfase à biossegurança, que consiste em boas práticas de produção, para prevenir a ingressão do vírus nas unidades de produção ou o contato com os animais. Outro tema muito importante que vamos discutir é porquê melhorar a estratégia de vacinação. A FAO não determina ‘você vacina’ ou ‘você não vacina’, mas, em conjunto com a Organização Mundial da Saúde, fornece diretrizes sobre porquê proceder e porquê obter o maior favor da vacinação. Em seguida, vem a urgência de fabricar e continuar promovendo capacitação, tanto para o pessoal técnico dos serviços sanitários, quanto para os produtores e para a comunidade em universal. E, por termo, proporcionar a pronunciação entre o setor público, o setor privado, e a ateneu, para que seja gerado conhecimento útil para toda a cárcere de valor, não somente para a produção, mas também para a transformação, a indústria alimentícia e, sobretudo, para os consumidores.

Dependência Brasil: Você citou a valor da pronunciação. Em nível global, a desigualdade entre países atrapalha, considerando que há países com sistemas muito estruturados e outros com menor capacidade de vigilância? É provável nivelar de alguma forma?

Andrés González: Um fator importantíssimo a se considerar é a diferença entre países exportadores e países não exportadores. O país que exporta já tem uma exigência maior do mercado para aprimorar sua capacidade de vigilância, de biossegurança, etc. Na FAO, nós fazemos uma estudo regional. Eu, por exemplo, estou encarregado da América Latina e do Caribe, e nessa região, nós temos uma grande variedade de países e, portanto, as suas capacidades também são variadas. Por isso, nós fomentamos o trabalho regional. Se alguma coisa afeta um país vizinho, muito provavelmente pode chegar até mim, ainda mais no caso de doenças virais porquê a influenza aviária, que pode passar de um território a outro através de aves silvestres. Nós já temos redes regionais que trabalham o problema de maneira integrada e colaborativa, mormente com os países que têm menor capacidade. Dou um exemplo. Existe a Resudia, a Rede Sul-Americana de Luta contra a Influenza Aviária. É uma rede de países da América do Sul que trabalha em conjunto, por exemplo, no alerta precoce e no diagnóstico laboratorial. O núcleo principal de ação da Resudia é o Laboratório Federalista de Diagnóstico Agropecuário, em Campinas, em São Paulo, que serve porquê referência para todos os países da América do Sul, tanto para melhorar suas capacidades diagnósticas quanto para confirmar resultados de influenza aviária. Essa rede colabora com países que não têm numerário para comprar reagentes, que não possuem protocolos laboratoriais padronizados e, dessa forma, conseguimos, ou pelo menos facilitamos, que os países com menor capacidade possam se beneficiar daqueles que são referência na região, porquê Brasil, Uruguai e Chile, que têm sistemas de vigilância mais sofisticados e especializados para levante tipo de risco. Assim, fazemos com que o restante dos países também se beneficie deles, tanto no paisagem da capacitação, que é de longo prazo, quanto na resposta imediata a emergências. Quando a emergência chega, a rede é ativada e esse processo de resposta é facilitado.

Dependência Brasil: O Brasil, portanto, tem um papel de protagonismo na região, perceptível?

Andrés González: Definitivamente, temos várias frentes de ação com o Brasil. Desde 2021, estamos trabalhando com o Comitê Veterinário Permanente do Cone Sul, que reúne os serviços veterinários de seis países da América do Sul, que se juntam e fazem o manejo colaborativo de sua saúde bicho. E, nesse momento, é importante mencionar que o Brasil ocupa a presidência pro tempore do comitê, e está liderando o tema da preparação para emergências sanitárias com foco nas doenças prioritárias da região. Uma delas é a influenza aviária. Dessa forma, a colaboração não é exclusivamente técnica, porquê no esteio laboratorial, na vigilância ou no fornecimento de reagentes, mas também em nível de coordenação e liderança regional. Isso é alguma coisa que o Brasil definitivamente exerce, um papel de liderança regional que favorece o trabalho conjunto e a transparência. Um tanto que quero realçar é que, quando surgiu o primeiro caso de influenza aviária em granjas comerciais em Montenegro [Rio Grande do Sul], o Brasil organizou imediatamente uma reunião virtual com todos os países da região para informar porquê estava atendendo ao surto. Essa informação esteve disponível em tempo quase real para todos os países vizinhos.

Dependência Brasil: Você mencionou a questão da vacinação, que não é uma medida utilizada pelo Brasil, por enquanto. Quais fatores são decisivos nessa decisão sobre a vacinação, para que ela seja efetiva?

Andrés González: O primeiro ponto a mencionar é que o serviço sanitário aposta na erradicação logo na ingressão. Não se segmento do pressuposto de que a doença vai continuar circulando e que será necessário vacinar para mantê-la sob controle. A primeira ação é erradicar e controlar em granjas comerciais. O Brasil fez isso em tempo recorde, em menos de 28 dias conseguiu restabelecer o status de país livre da doença. Por isso, a vacinação deve ser analisada com muito siso crítico. É uma utensílio que pode ajudar, mas também exige maiores capacidades dos serviços veterinários. Para que seja provável vacinar, é preciso racontar com um sistema de vigilância ótimo, que permita identificar casos o quanto antes, e também com um sistema de diagnóstico custoso, capaz de diferenciar as aves vacinadas das não vacinadas, muito porquê o vírus que está em circulação e o vírus presente nas aves por desculpa da isenção gerada pelas vacinas. Ou por outra, ao tomar a decisão de vacinar, os países precisam considerar que as populações de aves domésticas são muito variadas. A produção de ovos utiliza um tipo de bicho, enquanto a produção de mesocarpo de frango utiliza outro. Assim, a decisão deve ser tomada com base no conhecimento da população sítio, e somente depois de esgotadas muitas outras vias de proteção das aves. Essa é justamente a situação no Brasil. Cá não foi necessário recorrer à vacinação, porque o problema foi controlado antes. E é preciso calcular se a medida realmente terá efeito e se produzirá o resultado desejado, que é manter a população livre do vírus de subida patogenicidade. Blocos porquê a União Europeia e os Estados Unidos ainda não vacinam. Continuam analisando se será necessário, e porquê fazê-lo, e estão, nesse momento, preparando seus protocolos de vacinação. Mas já existem diretrizes globais e é isso que nós recomendamos, que sejam usados os padrões globais publicados pela Organização Mundial de Saúde Bicho sobre porquê elaborar um projecto de vacinação eficiente e com altas chances de sucesso. Nosso papel é prometer que esses padrões cheguem aos países, para que possam ser utilizados em suas estratégias nacionais. Mas não existe uma receita única. Essa decisão precisa ser muito muito discutida entre o setor público e o setor privado.

Dependência Brasil: O aumento de casos recentes já permite expor que a influenza aviária é uma doença endêmica?

Andrés González: Em 2022, por volta de outubro, quando as aves normalmente migram do setentrião do continente para o sul, ocorreu a primeira disseminação massiva de influenza aviária de subida patogenicidade na América Latina e no Caribe. O vírus se espalhou de forma massiva, atingindo mais de 16 países ao mesmo tempo e isso gerou uma situação inédita. Esse já é um primeiro indicativo de poderoso presença do vírus na região. Agora, a identificação do vírus em populações de aves silvestres é alguma coisa que demonstra a sensibilidade do sistema de vigilância. Ou seja, o país está de indumentária buscando ativamente identificar a doença, o que é o caso do Brasil, que tem um sistema efetivo de vigilância e resposta. De indumentária, houve um aumento na frequência de casos de influenza aviária, observados em aves silvestres, em aves domésticas, em mamíferos e até em alguns poucos humanos. Houve registros em humanos na região da América Latina e do Caribe. Mas falar em endemismo, isto é, expor que a doença chegou para permanecer, ainda não é provável. Não há dados suficientes para estabelecer isso, e eu quero ser muito simples nesse ponto, o concepção de endemismo exige fundamentar dois fatores importantes, a magnitude dos casos e a permanência no território. E, até agora, não temos dados suficientes para declarar que a influenza aviária é endêmica, nem mesmo no Brasil. O que sabemos é que há incursões esporádicas de presença do vírus, principalmente em aves silvestres. Mas não podemos falar em endemismo.

Dependência Brasil: Você citou os casos em humanos, que são poucos, mas infelizmente têm uma mortalidade considerável. Isso gera um alerta, principalmente para os produtores e trabalhadores do setor?

Andrés González: Creio que é importante fazer um explicação sobre a forma porquê o vírus passa das aves para os humanos, não é pelo consumo. Esse é um ponto de partida importante e é uma mensagem extremamente importante, porque estamos falando de duas das proteínas mais relevantes para o mundo, a mesocarpo de frango e os ovos. É fundamental deixar muito simples que o consumo de mesocarpo de frango ou ovos devidamente preparados e cozidos não representa risco de infecção para os humanos. Isso é importantíssimo para evitar problemas em um mercado tão crucial para o mundo inteiro. Também é preciso esclarecer que os casos de infecção humana registrados até agora, alguns infelizmente letais, ocorreram por contato direto com animais infectados. O vírus ainda tem dificuldade para infectar humanos, mas demonstrou uma grande capacidade de adaptação a mamíferos, porquê leões-marinhos, focas e outros animais que vivem em zonas costeiras, além dos casos recentes identificados em vacas leiteiras nos Estados Unidos. Portanto, o vírus pode gerar recombinações que afetariam mamíferos, incluindo os humanos.  Felizmente, até agora, sua capacidade de transmissão para humanos ainda não é tão efetiva, daí a valor de manter o estudo genômico e molecular desses vírus, para calcular em que estágio estão e atuar de forma preventiva, caso aumente sua patogenicidade para mamíferos. Quero substanciar cá alguma coisa que mencionei no início, o enfoque de ‘uma só saúde’, que estabelece não exclusivamente a inter-relação, mas a interdependência entre saúde veterinária, saúde pública humana e saúde ambiental. Essas áreas precisam trabalhar juntas e não isoladas, com seus próprios bancos de dados e análises de risco separados. O chamado, portanto, é para que as autoridades de cada uma dessas áreas fomentem o trabalho conjunto, a notícia integrada e a produção de evidências compartilhadas, a termo de mourejar da melhor forma provável com o potencial zoonótico do vírus, isto é, a sua capacidade, que já conhecemos, de infectar humanos. Por termo, quero realçar um concepção muito importante, a biossegurança. Produtores, trabalhadores e qualquer pessoa em contato com aves precisam ter muito claras as medidas de biossegurança. São boas práticas que reduzem o risco, que pode ser mitigado, com as devidas barreiras físicas e não físicas entre animais e pessoas, diminuindo assim as chances de transmissão.

Dependência Brasil: E com relação à infecção de outros mamíferos? Há risco de que a doença também tenha impacto sobre outras produções, porquê suínos e bovinos?

Andrés González: É preciso ter muito zelo com o que está acontecendo em relação aos suínos, para entender porquê o vírus está se recombinando para conseguir infectar mamíferos de maneira mais rápida. Mas não há zero em pessoal que envolva a produção de suínos neste momento. O que deve ser engrandecido é que a vigilância é a chave. Ou seja, o que o Ministério da Lavradio e Pecuária do Brasil já está fazendo, seguir caso a caso, confirmar rapidamente e realizar a sequenciação molecular. Há 30 anos não tínhamos, por exemplo, a possibilidade de saber o genoma do vírus, mas hoje, sim. O laboratório de Campinas faz isso todos os dias. Cada vez que chega uma modelo, consegue identificar o vírus, examinar o genoma e verificar se estamos falando do mesmo vírus, de uma mutação ou de alguma coisa novo. Assim, pode-se atuar o quanto antes para evitar a disseminação, tanto em aves quanto em mamíferos. Um risco que nós também monitoramos, na FAO e na nossa equipe de trabalho, é o impacto na biodiversidade. Há países que vivem do turismo e da reparo de animais marinhos, com pessoas que visitam praias e zonas costeiras. Esse impacto potencial sobre a biodiversidade também é monitorado, já que as populações de mamíferos silvestres afetadas podem tolerar redução no número de indivíduos e na fauna nativa de um país. Por isso, é importante manter uma visão holística do problema, que não envolve exclusivamente a saúde, pode afetar a sustento, a segurança nutrir, a biodiversidade e a fauna silvestre. Nesse ponto, volto a mencionar a valor da abordagem de ‘uma só saúde’.

Nascente: Dependência Brasil

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