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quarta-feira, dezembro 24, 2025

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Mulheres alcoolistas pedem olhar especial de políticas públicas

A curitibana Lúcia* somente entendeu que havia sofrido abusos sexuais por segmento do próprio marido depois do processo de recuperação da obediência em álcool. “A mulher alcoólica é extremamente vulnerável”, lamentou, em entrevista à Escritório Brasil. No país, mais de 7% das mulheres adultas têm diagnóstico de alcoolismo.

Lúcia, que procurou pedestal no Alcoólicos Anônimos (AA), só entendeu a seriedade da situação em que se encontrava no processo de recuperação. Ela defende que são fundamentais serviços especiais em políticas públicas para amparar quem passa por esse problema. Inclusive, diante desse cenário de urgência, a Lei 15.281, sancionada esta semana pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva determina que se promova a assistência multiprofissional específica para mulheres usuárias e dependentes de álcool. 

De conciliação com a psiquiatra Natalia Haddad, vice-presidente do Meio de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa), é fundamental que exista atenção próprio para esse público. Entre os números alarmantes, a pesquisadora relata que as mortes associadas ao consumo de álcool entre as mulheres cresceram 27% no período de 2010 a 2023. 

“A gente precisa ver o que vai ser implicado com essa lei, quais ações que vão ser implantadas e um prazo para essa implementação”, ponderou.

A pesquisadora ressalta ser necessário observar uma vez que deve ocorrer o pedestal profissional em diferentes situações de vida. “É muito dissemelhante tratar uma mulher alcoolista do que um varão alcoolista, uma gestante alcoolista do que uma não-gestante. Uma jovem do que uma adulta”, exemplificou.

Outra ponderação feita pela psiquiatra é que as mortes de mulheres causadas pelos transtornos de uso de álcool são em sua maioria entre pretas e pardas (70%). “Existe um recorte de gênero e também social que precisamos olhar para direcionar melhor esse tratamento”, afirma. 

Diferenças biológicas

A pesquisadora contextualiza que as características biológicas da mulher são diferentes em relação ao impacto do álcool no organização. Porquê as mulheres têm menos quantidade de chuva no corpo e também menos enzimas hepáticas que conseguem metabolizar o álcool, elas conseguem ingerir a substância em uma quantidade subalterno à do varão.

Além das condições orgânicas, a psiquiatra aborda que questões sociais e relacionadas a estigmas também fazem com que a obediência tenha um impacto diferenciado para as mulheres. 

“Elas, muitas vezes, têm jornadas duplas ou triplas, incluindo curso profissional e atribuições em vivenda”, explica. 

Outra atenção próprio que políticas públicas devem ter, segundo acredita a técnico, relaciona-se a mulheres que estão gestantes ou amamentando. Nesses casos, a obediência pode gerar doenças para a mãe e para o feto. 

“Nós sabemos que a mulher tem mais dificuldade de procurar ajuda do que o varão”, diz, acrescentando que pode ser em decorrência de sentimento de culpa e o estigma social.

Grupos femininos 

A psiquiatra do Cisa recomenda que as mulheres tenham a opção de pedir pedestal em grupos exclusivos para elas. Ela ressalta que o alcoolismo é uma doença crônica caracterizada principalmente pela incapacidade de interromper ou controlar o uso da substância. 

No caso de Lúcia*, ela buscou pedestal na irmandade dos Alcoólicos Anônimos para ter tranquilidade em falar sobre toda e qualquer situação sem receio ou vergonha. 

Outra mulher ouvida pela reportagem, que prefere se identificar uma vez que Kika*, moradora do Rio de Janeiro, diz que é fundamental ter um envolvente em que se possa falar sem julgamentos. 

“É isso que encontramos nas salas femininas das reuniões de AA. As histórias são tão parecidas que, no final, juntando um pedacinho da fala de cada companheira, vejo ali a minha história sendo contada”, explica. 

Sandra*, de São Paulo, diz que há 24 anos não vai ao primeiro gole e que a veras de muitas mulheres é de preconceitos até mesmo em família

Visibilidade

No Alcoólicos Anônimos, inclusive, murado de 6,5 milénio mulheres entraram em contato pelos canais de ajuda da Colcha de Retalhos, iniciativa que promove atividades com profissionais de diversas áreas sobre alcoolismo em mulheres para prometer maior visibilidade ao tema.

Segundo o AA, com a chegada de mais mulheres, as reuniões de formação feminina aumentaram 47,7%, comparando os períodos pré e pós-pandemia. Atualmente são 65 reuniões femininas realizadas semanalmente. A irmandade disponibiliza canais para pedido de ajuda.  

“Relatos de muitas mulheres alcoólicas confirmam que, no espaço oferecido pelas reuniões de formação feminina, elas puderam expressar seus sentimentos, suas dores e os abusos que sofreram durante o período do uso compulsivo da bebida alcoólica”, disse a psicóloga Jaira Adamczyk, pesquisadora em tratamento e prevenção à obediência química.

Confira cá onde há reuniões do Colcha de Retalhos para mulheres.  

Saiba mais sobre a lei que promove a assistência multiprofissional específica para mulheres usuárias e dependentes de álcool.  

Saiba mais sobre o AA.

* Nomes das mulheres foram alterados a termo de se manter o anonimato dos testemunhos

Manadeira: Escritório Brasil

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