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sexta-feira, novembro 7, 2025

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Alinhamento raro pode ajudar NASA a coletar amostra interestelar

Um item disponível no servidor de pré-impressão arXiv, onde aguarda revisão de pares, propõe que a sonda Europa Clipper, da NASA – que, conforme noticiado pelo Olhar Do dedo, deve cruzar a rabo do cometa 3I/ATLAS – poderá ser atingida por partículas carregadas emitidas pelo objeto interestelar. Além de não simbolizar risco para a espaçonave, isso oferece uma oportunidade inédita: coletar material vindo de fora do Sistema Solar sem precisar mudar a rota da missão.

A previsão foi feita pelos cientistas Samuel Grant, do Instituto Meteorológico Finlandês, e Geraint Jones, da Sucursal Espacial Europeia (ESA). Com o auxílio de um software chamado Tailcatcher, eles calcularam que, entre 30 de outubro e 6 de novembro, a trajetória da Europa Clipper pode se alinhar com o Sol e com a rabo iônica do cometa 3I/ATLAS.

Uma imagem profunda do cometa interestelar 3I/ATLAS capturada pelo Espectrógrafo Multiobjeto Gemini (GMOS) no Telescópio Gemini Sul mostra nitidamente a rabo de poeira do objeto. Crédito: Observatório Internacional Gemini/NOIRLab/NSF/AURA. Processamento de imagens Shadow the Scientist: J. Miller e M. Rodriguez (Observatório Internacional Gemini/NSF NOIRLab), TA Rector (Universidade do Alasca Anchorage/NSF NOIRLab), M. Zamani (NSF NOIRLab)

Esse alinhamento pode fazer com que partículas arrancadas da rabo atinjam a sonda. “Praticamente não temos dados sobre o interno de cometas interestelares”, disse Grant ao site Space.com. “Amostrar a rabo dessa forma é o mais próximo que podemos chegar hoje de estudar material de outro sistema estelar.”

Embora tenha potencial, o projecto depende de fatores externos. A missão Europa Clipper está em modo de cruzeiro rumo a Júpiter, com secção de seus instrumentos desligada. Com a paralisação administrativa do governo dos EUA, ainda não se sabe se os cientistas conseguirão reativar os equipamentos a tempo do interceptação com o “forasteiro”.

Se as medições forem possíveis, elas devem revelar a formação química do objeto e indicar se os materiais que formaram o 3I/ATLAS são semelhantes aos dos cometas do Sistema Solar. Essa confrontação ajudaria a entender se os processos de formação são iguais em diferentes regiões da galáxia.

Cometas são blocos de gelo, rocha e poeira que se aquecem ao se aproximar do Sol. O calor faz com que gases presos sob a superfície escapem, liberando partículas e formando duas caudas: uma de poeira e outra de íons.

A rabo de poeira segue a trajetória do cometa, enquanto a iônica é empurrada pelo vento solar (uma manante de partículas emitidas pelo Sol) e sempre aponta na direção oposta. É a rabo iônica que pode cruzar o caminho da sonda Europa Clipper.

Concepção artístico retrata a espaçonave Europa Clipper, da NASA, em trajectória ao volta de Júpiter. Crédito: JPL/NASA

Segundo Grant, cometas funcionam porquê “cápsulas do tempo”, preservando material formado há bilhões de anos. Ao estudar os íons liberados, os cientistas podem compreender melhor as condições que existiam quando os primeiros sistemas planetários começaram a se formar.

O software Tailcatcher rastreia os movimentos do vento solar e calcula se ele passa por regiões onde há cometas. Quando isso ocorre, secção dos íons é capturada e transportada por milhões de quilômetros.

Ao medir o trajectória dessas correntes, Grant e Jones perceberam que algumas podem atingir a Europa Clipper no mesmo período em que ela estará alinhada com o 3I/ATLAS. Assim, a nave poderia interceptar íons interestelares sem qualquer manobra.

Para enobrecer quais íons vêm do cometa e quais são do vento solar, os cientistas analisam a formação química das partículas. Os íons de cometas contêm elementos mais pesados, porquê moléculas de chuva, enquanto o vento solar é formado principalmente por hidrogênio e hélio. Pequenas variações na velocidade e direção do vento também ajudam a identificar as partículas cometárias.

Sucesso da missão depende das condições do vento solar

Grant e Jones explicam que o sucesso da reparo depende das condições do vento solar. Ele precisa soprar na direção correta e com intensidade suficiente para carregar as partículas até a sonda. Se o fluxo for desviado, a nave pode passar pelo alinhamento sem detectar zero.

O 3I/ATLAS chegará ao periélio, o ponto mais próximo do Sol, em 29 de outubro, quando estará a respeito de 200 milhões de km de intervalo. Nessa período, sua atividade aumenta, ampliando a rabo iônica e elevando as chances de detecção.

Animação simula trajetória do cometa interestelar 3I/ATLAS pelo Sistema Solar. Crédito: TheSkyLive.com

Já a Europa Clipper está a mais de 300 milhões de km do Sol, posteriormente um sobrevoo por Marte no início do ano. Mesmo assim, a geometria do alinhamento pode proporcionar o encontro com os íons transportados pelo vento solar.

A sonda Hera, da ESA, desenvolvida para estudar um asteroide que teve sua trajetória alterada em 2022 pela missão DART, da NASA, em um experimento de resguardo planetária (relembre cá), também poderá cruzar rajadas de vento solar com íons do 3I/ATLAS entre 25 de outubro e 1º de novembro. No entanto, ela não possui instrumentos para medir partículas carregadas e campos magnéticos, diferentemente da Europa Clipper, que foi projetada justamente para estudar o envolvente de radiação de Júpiter e da lua Europa.

Mesmo que a detecção não ocorra agora, o Tailcatcher já mostrou bons resultados. Em 2020, ele previu o interceptação da sonda Solar Orbiter com a rabo do cometa C/2019 Y4, confirmado por observações. O histórico positivo aumenta a crédito dos cientistas em novas previsões.

Leia mais:

Um novo modo de estudar o Universo

Para Grant e Jones, cruzamentos acidentais porquê esse podem furar novas possibilidades para a ciência. A ESA lançará em 2029 a missão Comet Interceptor, que aguardará no espaço até que um novo cometa, de preferência interestelar, seja identificado.

“O objetivo é sobrevoar um cometa e coletar amostras diretas de sua cabeleira e rabo”, explicou Grant. “Mas seria incrível se outra sonda, porquê a Europa Clipper, conseguisse cruzar a rabo de um objeto assim no mesmo período.”

Esses encontros casuais mostram que o espaço suplente coincidências notáveis. Mesmo a caminho de Júpiter, a Europa Clipper pode, por casualidade, ajudar a desvendar a formação de objetos que vagam por outras partes da galáxia, revelando um pouco mais sobre as origens da material no Universo.


Natividade: Olhar Do dedo

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