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segunda-feira, agosto 25, 2025

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“Amazônia está à beira do precipício”, alerta Carlos Nobre

A situação da Amazônia é cada vez mais sátira. O alerta vem de um estudo publicado na última quarta-feira (20), que indica a possibilidade de extinção da floresta ainda neste século. Para o renomado climatologista Carlos Sublime, o processo pode debutar nos próximos 30 anos.

A pesquisa publicada na revista Communications Earth & Environment simula mudanças de longo prazo na floresta amazônica até o ano de 2300, usando modelos de sistemas terrestres de última geração do Projeto de Intercomparação de Modelos Acoplados (CMIP5 e CMIP6), que embasaram o Quinto e o Sexto Relatórios de Avaliação do Quadro Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).

As simulações mostraram que o risco de colapso é maior do que se imaginava, mormente em cenários de altas emissões de gases de efeito estufa.

Em entrevista exclusiva ao Olhar Do dedo News, Sublime afirmou que a situação é sátira e que a extinção pode debutar já nas próximas décadas. “Ela (Amazônia) pode passar do ponto de não retorno até 2050. Se isso suceder, aí começa uma autodegradação. Essa autodegradação leva 30, 50 anos”.

Os indícios de que esse processo está próximo são muitos. “No sul da Amazônia, do Oceano Atlântico, sul da Amazônia brasileira até a Amazônia da Bolívia, nós estamos vendo ali a região mais desmatada, constituída por pastagens, por soja, e ali o clima já mudou bastante”, completou Sublime.

A pesquisa destaca o fenômeno chamado de “dieback”, que descreve a perda severa da capacidade de fotossíntese em regiões altamente produtivas da Amazônia. Essa queda no funcionamento vital da floresta pode levar a uma transição para um ecossistema degradado, menos biodiverso e incapaz de armazenar tanto carbono. A mudança traria impactos profundos para o clima mundial.

Representação artística elaborada com lucidez sintético mostra a Amazônia se transformando em uma savana seca. Crédito: Flavia Correia via ChatGPT/Olhar Do dedo

Segundo os pesquisadores, as condições que favorecem esse colapso incluem aumento da temperatura do ar, redução das chuvas e conversão de áreas de floresta em pastagens e lavouras. Mesmo em cenários de aquecimento mais moderado, a partir de 1,5°C supra da média pré-industrial, a Amazônia já mostra sinais de fragilidade, indicando que a degradação não está restrita a cenários extremos.

“A estação seca ficou mais longa e mais seca; ficou de 2 a 3 graus mais quente e também mais seca; diminuiu 20% a 30% a chuva na estação. Portanto, essa região está à orla do precipício, no ponto de não retorno”, completou o climatologista.

Quais as consequências do colapso da Amazônia?

Um dos pontos críticos identificados no estudo é que os modelos atuais ainda podem subestimar o risco. Isso acontece porque muitos não consideram de forma completa processos porquê incêndios florestais e morte de árvores causada por secas prolongadas, fatores que ampliam a vulnerabilidade da floresta e aceleram o ritmo das transformações.

“Em 2100, nós podemos perder até 70% da floresta amazônica, porquê nascente estudo indica, no que a gente labareda, entre aspas, de ‘savanização’”, completou o climatologista. Nesse processo, segundo Sublime, a maioria das árvores se degrada e morre. “Poucas árvores ficam ali. Parece uma savana tropical, mas muito degradada. E a Amazônia, por milhões e milhões de anos, armazenou uma gigantesca quantidade de carbono no solo, na vegetação. Mais de 150 bilhões de toneladas de carbono”.

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Ainda dá tempo de salvar a floresta?

Segundo Sublime, o primeiro passo é zerar imediatamente o desmatamento, a degradação e o queimada, já que, embora tenha havido uma redução significativa do desmatamento em 2023 e 2024, os incêndios florestais bateram recordes no mesmo período. Em seguida, é importante restaurar uma grande segmento das áreas já destruídas.

Carlos Sublime (Imagem: Olhar Do dedo)

Outro caminho fundamental é desenvolver uma sociobioeconomia baseada na floresta em pé, aproveitando de forma sustentável o imenso potencial da biodiversidade amazônica, ainda pouco explorado economicamente.

Por termo, o climatologista reforça que é necessário valorizar e aprender com o conhecimento tradicional dos povos indígenas, quilombolas e ribeirinhos, que, ao longo de milhares de anos, souberam utilizar a floresta de forma equilibrada, mantendo sua integridade e seus serviços ecossistêmicos.

Mesmo com tudo isso, a situação da Amazônia ainda é extremamente sátira. “É esse o caminho que nós temos para salvar a Amazônia. Mas, ao mesmo tempo, mesmo que a gente consiga fazer tudo isso, se o aquecimento global passar de 2 graus, chegar a 2,5 graus, isso vai fazer a Amazônia passar do ponto de não retorno também”, finalizou Sublime.

Nascente: Olhar Do dedo

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