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sábado, novembro 8, 2025

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Casos de coqueluche crescem e provocam internações e mortes

Os casos de coqueluche em crianças pequenas aumentaram mais de 1200% no Brasil, conforme alerta o Observatório de Saúde na Puerícia. Em 2024, foram registrados pelo menos 2.152 casos da doença entre crianças menores de 5 anos de idade, que são as mais vulneráveis a complicações, mais do que a soma dos cinco anos anteriores. Dessas, 665 precisaram ser internadas por culpa da doença, e 14 morreram, superando as dez mortes registradas entre 2019 e 2023.

“Uma vez que explicar todas essas crianças que morreram de alguma coisa totalmente prevenível?”, questiona a coordenadora do Observatório, Patrícia Boccolini. Oriente ano, os registros feitos até o mês de agosto indicam uma ligeira melhora, mas ainda em patamares altos: foram 1.148 casos, com 577 internações.

A coqueluche é uma infecção respiratória, causada pela bactéria Bordetella pertussis, que pode ser prevenida com a vacinação. Os bebês devem receber três doses da vacina pentavalente, aos 2, 4 e 6 meses de idade e as grávidas devem ser imunizadas com a DTPa em todas as gestações, para proteger os recém-nascidos.

Os dados coletados pelos pesquisadores da Instalação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Faculdade de Medicina de Petrópolis do Meio Universitário Arthur de Sá Earp Neto (Unifase) mostram ainda que mais da metade dos casos do ano pretérito foram registrados em crianças menores de 1 ano, que também respondem por mais de 80% das internações.

Patricia Boccolini acredita que vários fatores podem estar contribuindo para o aumento dos casos, uma vez que a retomada dos ciclos naturais da doença no pós-pandemia, a desorganização de serviços locais de saúde e o aumento da testagem, mas uma das principais vulnerabilidades é a desigualdade das coberturas vacinais pelo país.

“Embora a gente não esteja conseguindo espancar as metas, as coberturas vacinais não estão tão baixas assim, quando a gente olha para números nacionais e regionais. O grande problema é quando a gente começa a olhar no micro, os dados municipais mostram muita heterogeneidade, alguns polos com altas coberturas e outros não”, explica.

De contrato com o Ministério da Saúde, mais de 90% dos bebês e de 86% das gestantes receberam os imunizantes que protegem contra a coqueluche no ano pretérito, superando os números de 2013. Mas a coordenadora do Observatório lembra que a meta de cobertura de 95% ainda não foi batida, e crianças mais velhas e adultos não vacinados também podem contrair e transmitir a doença, apesar dela atingir os pequenos de forma mais grave.

A quantidade de casos de 2024 se aproxima da de 2015, quando foram registrados mais de 2.300 casos entre crianças com menos de cinco anos. A partir de 2016, os casos começaram a desabar e o último ano com mais de 1 milénio registros havia sido em 2019. 

Mas não é só o Brasil que enfrenta aumento de casos. Toda a região das Américas está em alerta para a doença. De contrato com a Organização Panamericana de Saúde (Opas), nos primeiros sete meses de 2025, nove países da região notificaram mais de 18 milénio casos e 128 mortes em todas as idades. 

Juarez Cunha, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), explica que a coqueluche tem essa propriedade de “ciclicidade”. 

“Dez anos detrás, alguns anos antes já se observava um aumento de casos no mundo, depois isso acaba chegando ao Brasil também. Logo, mesmo que a gente tenha tido melhoria nas coberturas vacinais nos últimos dois anos, uma vez que a gente ainda não alcançou as metas, a gente tem esses casos, conforme a ciclicidade da doença”, disse.

Cunha lembra que a vacinação das gestantes foi incluída no Programa Pátrio de Imunizações (PNI) justamente durante esse ciclo anterior de aumento de casos. 

“Só a partir dos 6 meses que o bebê vai estar totalmente protegido, depois de receber todas as doses da vacina pentavalente. Logo, vacinar a gestante é a principal forma de proteger o bebê nos primeiros meses de vida. É preciso falar para as grávidas, que elas precisam se vacinar para se protegerem e protegerem seus bebês”, recomenda.

“Tem muita gente que não sabe nem o que é coqueluche. E isso também é fruto de um pretérito recente glorioso que a gente teve nas nossas altas coberturas. Mas, a partir do momento que a gente não viu mais muitos casos, não viu mais crianças morrendo de coqueluche, a gente perdeu o terror da doença. Eu espero que esses números sensibilizem a população”, alerta a coordenadora do Observatório de Saúde da Puerícia, Patrícia Boccolini.

Natividade: Escritório Brasil

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