27 C
Lauro de Freitas
domingo, agosto 24, 2025

Buy now

Estudo de 1972 se confirma e aponta para colapso social em 2040

Em 1972, o Clube de Roma publicou o estudo “Limits to Growth” (“Limites ao Incremento“, em tradução literal), que utilizava o padrão computacional World3 para examinar a interação de cinco forças — população, produção industrial, produção de vitualhas, uso de recursos e poluição — em um planeta finito.

A principal peroração era que o caminho do “business as usual” levaria a humanidade a ultrapassar os limites ecológicos, seguido por um declínio dentro do século XXI. Em contrapartida, uma transição administrada, com estabilização populacional, redução do consumo e investimentos em eficiência, poderia prometer estabilidade entre bem-estar e sustentabilidade.

À quadra, o estudo foi considerado duvidoso, mas tornou-se referência nos debates sobre limites planetários e a urgência de mudança no padrão de desenvolvimento material infindo.

Foram analisadas a interação de cinco forças — população, produção industrial, produção de vitualhas, uso de recursos e poluição — em um planeta finito (Imagem: Rodrigo Mozelli [gerado com IA – Gemini]/Olhar Do dedo)

Em 2020, quase cinco décadas depois, a crítico de sustentabilidade Gaya Herrington revisitou o padrão World3, comparando seus cenários com dados empíricos recentes sobre população, produção, recursos, poluição, bem-estar e pegada ecológica.

O estudo foi publicado no Journal of Industrial Ecology e, posteriormente, compartilhado pela KPMG, empresa onde Herrington trabalhava.

Quais foram os resultados do novo estudo?

  • Os resultados mostraram que os cenários de 1972 ainda correspondiam “de forma impressionante” à veras observada;
  • Em próprio, o chamado “business as usual” apontava para queda do capital industrial, da produção agrícola e do bem-estar ao longo do século;
  • A estudo sugeriu que, sem mudanças de rumo, uma potente recessão econômica poderia inaugurar já nesta dez e evoluir para um colapso social em torno de 2040;
  • Herrington enfatizou, porém, que não se tratava de uma previsão fatalista, mas de um alerta sobre o comportamento estrutural do sistema quando o desenvolvimento segue uma vez que objetivo principal;
  • Sua peroração foi clara: manter o desenvolvimento econômico infindo é inviável, mesmo com avanços tecnológicos sem precedentes, aponta o Interesting Engineering.

Em 2022, Herrington publicou uma reflexão intitulada “What a 50-year-old world model tells us about a way forward today” (“O que um padrão mundial de 50 anos nos diz sobre o caminho a seguir hoje“, em tradução literal). Nela, destacou que os dados empíricos ainda se alinhavam a múltiplos cenários do World3 e que, a partir de 2020, começaria a ocorrer divergência significativa entre possíveis futuros.

O cenário mais promissor seria o “Mundo Estabilizado” (Stabilized World), em que a sociedade substitui a procura por desenvolvimento industrial por metas de eficiência de recursos, redução da poluição e investimentos em saúde e ensino. Embora os dados se afastassem mais desse cenário, Herrington avaliou que ainda havia possibilidade de alcançá-lo, definindo a dez atual uma vez que uma janela decisiva para mudar de direção.

Chamado “business as usual” aponta para queda do capital industrial, da produção agrícola e do bem-estar ao longo do século (Imagem: Rodrigo Mozelli [gerado com IA – Gemini]/Olhar Do dedo)

Paralelamente, outro grupo de pesquisadores, liderado por Nebel e colegas, recalibrou o padrão World3 com dados atualizados, aproveitando maior poder computacional e bases empíricas mais ricas. O estudo, também publicado no Journal of Industrial Ecology, concluiu que, mesmo com parâmetros mais precisos, o sistema continuava a indicar a dinâmica de “ultrapassagem e colapso”.

O ajuste mostrou queda da produção industrial a partir de meados da dez de 2020, redução populacional a partir dos anos 2030 e pico da produção de vitualhas no presente. O padrão ainda sugeriu que a poluição persistente tende a se amontoar mais do que previsto inicialmente, gerando impactos de longa duração.

De consonância com análises posteriores de Joachim Klement e Andrew Curry, a curva de “desenvolvimento humano” gerada pelo padrão indica que o mundo estaria próximo de um pico global, com tendência de declínio nas próximas décadas.

Os autores do estudo alertaram que os mecanismos de retroalimentação podem se reorganizar em um cenário de contração, tornando o porvir dissemelhante das linhas exatas do padrão, mas mantendo o risco de declínio interligado de produção, vitualhas e bem-estar entre 2024 e 2030.

Leia mais:

1972 nunca foi tão atual

A síntese das pesquisas indica que o padrão de 1972 ainda descreve a estrutura da situação atual. A repetida peroração é que o desenvolvimento econômico infindo conduz a desequilíbrios e colapsos, enquanto a adoção de novos objetivos — eficiência, controle da poluição e investimentos sociais — pode redirecionar o sistema para a resiliência.

Para Herrington, o “Mundo Estabilizado” não é uma utopia, mas um caminho verosímil se houver decisão política e social para desabitar o desenvolvimento uma vez que princípio organizador.

Ainda há tempo para evitar o colapso, mas a janela é estreita e exige ação imediata nesta dez decisiva (Imagem: Rodrigo Mozelli [gerado com IA – Gemini]/Olhar Do dedo)

As pesquisas reforçam que a tecnologia tem papel crucial, mas não suficiente. Sem mudança de objetivos, avanços tecnológicos unicamente aumentam os picos e, consequentemente, a severidade das quedas. O recado final é que ainda há tempo para evitar o colapso, mas a janela é estreita e exige ação imediata nesta dez decisiva.

Manadeira: Olhar Do dedo

Related Articles

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Stay Connected

0FansLike
0FollowersFollow
0SubscribersSubscribe
- Advertisement -

Latest Articles