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sábado, novembro 8, 2025

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O que é o Napalm e por que ele foi proibido em guerras?

Entre diversos tipos de bombas e armamentos, poucas armas despertam tanto pânico e repulsa quanto o napalm. Utilizado amplamente durante o século XX, principalmente nas guerras do Vietnã e da Coreia, esse formado incendiário é lembrado por sua capacidade devastadora de motivar ruína e por deixar um rastro de sofrimento humano por onde passa.

A imagem de aldeias em chamas e civis desesperados fugindo do queima ficou gravada na memória coletiva uma vez que símbolo dos horrores da guerra moderna. Mas o que exatamente é o napalm? Uma vez que ele funciona? E por que seu uso se tornou tão polêmico a ponto de ser restringido por tratados internacionais?

Vamos explorar a história, a elaboração química e os impactos do napalm, além das razões que levaram à sua proibição em conflitos armados. Entenda por que essa arma se tornou um marco sombrio na história militar e um exemplo evidente de uma vez que a tecnologia pode ultrapassar os limites da moral e da humanidade.

O que é o Napalm?

O napalm é uma substância incendiária altamente inflamável, criada nos anos 1940 pelos Estados Unidos, durante a Segunda Guerra Mundial. Seu nome vem da combinação de dois compostos químicos utilizados em sua fórmula original: naftenato e palmitato de alumínio, daí o nome “napalm”.

Explosão queimando todo um território (Imagem: wirestock_creators/Freepik)

Trata-se basicamente de uma forma gelatinosa de gasolina, com aditivos que tornam o combustível grosso, peganhento e mais sempiterno quando em esbraseamento. Essa consistência permite que o queima grude em superfícies e, pior ainda, em pessoas. O napalm queima a temperaturas altíssimas, podendo ultrapassar 1.000 °C.

Mais tarde, essa fórmula evoluiu para o chamado Napalm-B, uma versão ainda mais eficiente e mortal, composta por gasolina, poliestireno e benzeno. A novidade mistura tornava o queima mais persistente e difícil de extinguir, além de motivar queimaduras profundas e inalação de vapores tóxicos.

Uma vez que o napalm foi usado em guerras?

O uso do napalm começou na Segunda Guerra Mundial, quando os Aliados lançaram bombas incendiárias sobre cidades alemãs e japonesas. No entanto, sua emprego mais notória (e controversa) veio na Guerra da Coreia e, principalmente, na Guerra do Vietnã.

Durante a Guerra do Vietnã, entre as décadas de 1960 e 1970, os Estados Unidos utilizaram o napalm em larga graduação uma vez que segmento de sua estratégia de combate. O resultado era lançado por aviões em bombas ou esvaziado diretamente em florestas e vilarejos com o objetivo de expelir esconderijos de soldados vietcongues e desestabilizar a resistência inimiga.

As consequências foram catastróficas. O napalm causava incêndios incontroláveis, destruía plantações e, o mais grave, atingia milhares de civis, inclusive crianças. Imagens uma vez que a da moça Phan Thi Kim Phuc, correndo nua com o corpo queimado depois um ataque de napalm, rodaram o mundo e provocaram revolta global contra o uso da arma.

Efeitos do napalm no corpo humano e no meio envolvente

Os efeitos do napalm no corpo humano são absolutamente devastadores. Ao entrar em contato com a pele, o formado gruda na mesocarpo e continua queimando, mesmo debaixo d’chuva. As chamas penetram até os ossos, causando dores indescritíveis, necrose e, na maioria das vezes, morte por queimaduras ou por choque térmico.

Outrossim, os gases liberados pela esbraseamento do napalm são tóxicos e podem motivar danos pulmonares severos, sufocamento e intoxicação. Não é exclusivamente uma arma de ruína, é um instrumento de tortura.

No meio envolvente, os danos são também alarmantes. Florestas inteiras foram incineradas, solos contaminados, ecossistemas destruídos. A ação do napalm em áreas de floresta tropical, uma vez que no Vietnã, resultou em impactos ambientais que perduram até hoje. Muitas regiões não se recuperaram totalmente da devastação.

Por que o Napalm foi proibido?

Diante do sofrimento causado pelo napalm, diversas organizações internacionais começaram a pressionar por sua proibição. A indignação pública cresceu ao longo dos anos 60 e 70, impulsionada por imagens e relatos vindos do Vietnã. O uso contra civis era considerado uma violação clara dos direitos humanos e das convenções de guerra.

Napalm sendo usado durante a Guerra do Vietnã a partir de um barco-patrulha. (Imagem: U.S. Navy – U.S. Naval War College Museum)

Em resposta, a ONU aprovou em 1980 a Convenção sobre Certas Armas Convencionais (CCWC), um tratado que restringe ou proíbe o uso de armas consideradas desumanas ou com efeitos indiscriminados. O Protocolo III desse tratado trata especificamente de armas incendiárias, uma vez que o napalm, e proíbe seu uso contra populações civis e em áreas com subida densidade populacional.

Apesar disso, o napalm não foi completamente renegado. O uso contra alvos militares ainda é permitido sob certas condições, desde que se evite ao supremo o impacto sobre civis. Alguns países, uma vez que os Estados Unidos, não ratificaram totalmente todos os protocolos da convenção ou mantêm versões modificadas da substância sob outros nomes.

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O Napalm ainda é usado hoje?

Oficialmente, o uso de napalm está severamente restringido. A maioria dos países signatários da Convenção da ONU abandonou ou reduziu significativamente o uso de armas incendiárias.

Um caça bombardeiro North American F-100 Super Sabre despejando bombas, do tipo BLU, contendo Napalm, em um tirocínio de treinamento. (imagem: Domínio Público)

Os Estados Unidos, por exemplo, afirmaram em 2001 que haviam eliminado completamente o uso do Napalm-B, substituindo-o por o que chamam de “MK 77”, uma substância com efeitos semelhantes, mas tecnicamente dissemelhante.

No entanto, ONGs e jornalistas independentes alegam que o MK 77 continua sendo tão destrutivo quanto o napalm original. Houve denúncias de uso desse formado no Iraque durante a Guerra do Golfo e nos conflitos pós-11 de setembro, embora os detalhes sejam cercados de controvérsias e classificações militares.

Portanto, embora o nome “napalm” tenha praticamente perdido dos relatórios oficiais, sua origem ainda ronda os campos de guerra modernos, sob outras fórmulas e denominações.

Apesar das proibições e dos tratados, a existência de substâncias similares, uma vez que o MK 77, mostra que o debate sobre o uso de armas incendiárias está longe de ultimar. A luta por um mundo onde o sofrimento causado por armas uma vez que o napalm não se repita depende de vigilância manente, pressão popular e regulamentações internacionais mais rígidas.

O importante, no término das contas, é lembrar que as guerras não são exclusivamente números, estratégias ou territórios, elas envolvem vidas humanas. E o napalm foi, sem incerteza, uma das ferramentas mais cruéis já inventadas para destruir essas vidas.


Nascente: Olhar Do dedo

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